Rastreamento e Vigilância do Câncer Colorretal no Município de Ouro Preto

Em termos de incidência global, o Câncer de Cólon e Reto (CACR) configura-se como a terceira causa mais comum de câncer em homens e a segunda em mulheres[1,2]. De todos os cânceres, cerca de 10,2%, equivalente a mais de um milhão e oitocentos mil casos novos, foram de cólon e reto em 2018[2]. Os padrões geográficos de incidência e mortalidade variam muito ao redor do mundo, sendo essas taxas maiores em homens na maioria das populações[1]. No Brasil, o CACR já se aponta como a segunda maior causa de câncer tanto em mulheres como em homens, perdendo apenas para as glândulas mamária e prostática[3]. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 no Brasil, é de 20.520 novos casos em homens e 20.470 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 19,63 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres[4]. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o terceiro mais frequente na região Sul (25,11/100.000). Nas Regiões Sudeste (28,62/100.000) e Centro-Oeste (15,40/100.000) ocupa a segunda posição. Nas regiões Nordeste (8,91/100.000) e Norte (5,27/100.000) ocupa a quarta posição. Para as mulheres, é o segundo mais frequente nas regiões Sul (23,65/100.000) e Sudeste (26,18/100.000); e o terceiro nas regiões Centro-Oeste (15,24/100.000), Nordeste (10,79/100.000), e Norte (6,48/100.000)[4]. A idade configura-se como o mais importante fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de neoplasia, logo, tanto a incidência como a mortalidade elevam-se com o envelhecimento[5]. A história familiar de câncer de cólon e reto e a predisposição genética ao desenvolvimento de doenças crônicas do intestino (como as poliposes adenomatosas) também contribuem para o aumento do risco do CACR[6]. Além disso, uma dieta baseada em gorduras animais, baixa ingestão de frutas, vegetais e cereais, assim como um consumo excessivo de álcool e tabagismo são fatores de risco para o aparecimento da doença, enquanto a prática de atividade física regular está associada a um risco reduzido para esse câncer[7]. A sobrevida para esse tipo de neoplasia é considerada boa se a doença for diagnosticada precocemente. A média de sobrevida em cinco anos foi em torno de 88% quando diagnosticada em estágio inicial, e de 13% se diagnosticada em último estágio nos Estados Unidos entre 2008-2014[8]. Esse relativo bom prognóstico, a existência de grupo de risco definido e de diagnóstico barato e com boa sensibilidade, dentre outros fatores, faz com que o câncer colorretal seja adequado para rastreamento populacional. O rastreio da CACR gera um aumento da incidência da doença, mas reduz sua mortalidade, pois os diagnósticos são feitos precocemente. A história natural dessa neoplasia propicia condições ideais à prevenção secundária através da vigilância sobre o surgimento de lesões precursoras. A detecção de pólipos adenomatosos colorretais (precursores do câncer de cólon e reto) é possível através de métodos endoscópicos. O objetivo dessa estratégia é diagnosticar e tratar mais pólipos, diminuindo a incidência do CACR e, com isso, a sua mortalidade. Para melhor abordagem diagnóstica, a vigilância deve ter como base a estratificação de risco, avaliação da idade de início do seguimento e intervalos de realização dos exames, garantindo a qualidade e aderência ao programa. O objetivo deste projeto é promover a conscientização da comunidade ouropretana da importância sobre a prevenção do CACR, assim como realizar atendimento e acompanhamento médico dos pacientes para rastreio e vigilância do CACR no município de Ouro Preto.

Coordenador Docente: EDUARDO ANGELO BRAGA

E-mail: edubragamd@ufop.edu.br

Setor: ESCOLA DE MEDICINA (EMED)

Endereço: Rua Dois – Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto – MG